Não há solução melhor que aquela que busca o equilíbrio das forças contrárias

Médico entende de saúde, economista de economia, político de demagogia, mídia de drama e audiência e o povo de fofoca e intriga. O que falta é lógica e coordenação de ações. Aqui vou sugerir a melhor prática pra se sair desta crise no equilíbrio (como ensinava Aristóteles) entre os extremos defendidos por médicos e economistas, que são as fontes de políticos e jornalistas.   

Vou explicar porque fazer quarentena e quantas teremos que fazer, quanto tempo devem durar e o que os governos devem fazer, já que a massa resolveu escolher ser mandada por políticos e Estado. Vou usar um pouco da didática socrática com perguntas e respostas pra alcançar a compreensão de mais pessoas.

Qual o sentido da quarentena?

Como o contágio é exponencial e muito rápido, precisamos isolar as pessoas para não produzirmos multidões de infectados e sobrecarregarmos o sistema de saúde, que é limitado, gerando mal atendimento e por consequência mais possibilidade de mortes. É só esta a razão. Até aí todo mundo entendeu?

Por quantos dias devemos ter quarentena?

O tempo aproximado da quarentena é de 14 dias, ou seja, as duas semanas necessárias para o fluxo da gripe infectar, se instalar, provocar sintomas (fracos, fortes ou extremos) e ficarmos curados, não contagiando outras pessoas. Se todos fazem no mesmo momento e pelo mesmo tempo, mudamos apenas o tempo que ficaremos infectados juntos e não fazer o que é certo, ou seja, colocar grupos diferentes em possibilidade de contato com o vírus para poder controlar o fluxo de infectados que necessitarão do sistema hospitalar, não o deixando colapsar.

Porque não isolar todo mundo (lockdown)?

Porque não importa a hora que sairmos, sempre chegarão pessoas do exterior ou mesmo alguns mal curados ou gente assintomática transmitindo ou viajando pra fora e voltando com o vírus que irão trazer novamente a Covid-19 e o contágio exponencial pra população. Quem ficar infectado deve ter seus 14 dias de isolamento porque o ciclo da gripe não se extingue antes, então, mesmo os “bem de saúde” ainda estarão transmitindo o vírus, agravando a situação.

Vamos juntar as três questões agora:

Segurar o pico de contágio com todo mundo em casa só protela a data de um próximo pico assim que terminada a quarentena. Por isso, devemos fazer tantas quantas quarentenas forem preciso e com grupos diferentes (indústria A, comércio B, serviços C) para que possamos controlar os picos de contágio para o limite do sistema de saúde. Mantém-se 14 dias grupos em casa para baixar o contágio, relaxa-se depois por outros 14 dias ou até mais, à medida que vai se observando o número de pessoas que buscam o sistema de saúde, e volta-se a manter as pessoas em casa; assim, a cada quarentena, como a característica do vírus é uma constante, se vai diminuir o contágio porque muitos já vão estar imunes.

Este procedimento mantém as pessoas isoladas em momentos diferentes, com os grupos de risco isolados sempre, e ainda possibilita um respiro para a economia, com os setores essenciais sempre funcionando, e os não essenciais com dias de trabalho e “normalidade”.

E o que devem fazer os governos ou corporações nesta história?

A quarentena dá tempo para que o sistema de saúde não colapse e os governos, que detêm, na prática, via regulamentação, o monopólio da saúde no Brasil, façam a coisa certa. Vai aí listado o que se deve fazer:

1) Comprar e/ou fazer com que as indústrias farmacêuticas e bioquímicas (coisa que elas já deveriam fazer por conta própria visando o lucro, mas, mal acostumadas pelo Estado amigo, aguardam subsídio ou compra garantida, aguardam soberbamente) produzam e distribuam em todas as farmácias do país, porque descentralizar é a melhor saída, os TESTES do coronavírus, para que as pessoas se testem com frequência e, ao testar positivo, se isolem em quarentena e só procurem um hospital em caso de falta de ar. Esta é a ação mais importante: identificar, tratar e isolar.

2) Comprar e/ou fazer com que as indústrias farmacêuticas e bioquímicas produzam um coquetel de medicamentos mais eficazes para quem apresentar os sintomas (eu sinceramente acredito na tal eficiência da hidroxicloriquina, azitromicina e zinco que surgiu como protocolo para estes casos) e façam chegar aos hospitais em grande quantidade para que médicos prescrevam conforme o paciente que precise de mais cuidados.

3) Comprar respiradores mecânicos e distribuí-los para os hospitais para evitar mortes.

Enquanto não há vacina ou remédio específico, é assim que temos que proceder, num equilíbrio entre a saúde e a economia, e aqui, sejamos óbvios, a economia também vislumbra a saúde, mas a saúde não vislumbra a economia no longo prazo. Agindo assim mantém-se o sistema de saúde funcionando razoavelmente e a economia fluindo a um nível suportável.

Por fim, e para ficar claro, a quarentena dos grupos de risco deve ser permanente e os que quiserem fazer quarentena por tempo indeterminado estão facultados a isso, sabendo que devem manter mais cuidados porque terão contato com mais pessoas quando precisarem comprar comida ou remédios ou outro item de necessidade.

Não há solução melhor que aquela que busca o equilíbrio das forças (políticas) contrárias.

Uma resposta para “Não há solução melhor que aquela que busca o equilíbrio das forças contrárias”.

  1. […] em 15 de março deste ano. Dez dias depois, no dia 25 de março, publiquei o texto que segue neste link. Ali explicava, sem os dados de hoje, o que hoje parece óbvio porque temos dados. Há até as […]

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