Um mundo sem regulamentação na saúde

Caríssimos e baratíssimos,

Vamos supor, apenas supor, que haveria um mundo onde não precisasse ter uma licença ou autorização para se fabricar respiradores (que estão faltando), remédios para se entubar pacientes que precisam de respiradores (que também estão em falta), remédio para o tratamento dos sintomas (que estão sendo controlados pelo corporativismo médico, pela politização de uma substância e pelo sistema estatal da saúde corporativista). O que aconteceria?

1) Seria terrível, porque os empresários capitalistas malvadões iriam ver que aumentou a demanda por estes produtos médicos e iriam produzir mais para poder vender por presos altos!

2) Seria animalesco, porque haveria empresários malvadões que fabricariam respiradores ou remédios com problemas técnicos só pelo lucro rápido e muita gente morreria!!

3) Seria uma crueldade, porque o ser humano só pensa em si e faria de tudo pra comprar o máximo de remédios disponíveis nas farmácias e muitos pobres morreriam sem remédio!!!

4) Seria desumano, porque as pessoas vão consumir remédios sem receita e vão se intoxicar e muitos morrer!!!!

Perceba, se você acredita nas proposições acima, você se julga melhor que os outros, porque tem o dom de prever a maldade do ser humano e quer tutelar os coitadinhos que não saberiam lidar com problemas como você saberia. Mais ainda, você se julga o Minority Report (filme) que pode definir o que vai ser crime lá na frente.

Imagina que o povo tolo compraria um respirador por R$ 50 mil, quando o preço médio é R$ 12 mil (valores chutados aqui pra exemplo); imagina que o tolo compraria um respirador sem ver se funciona ou sem garantia; etc.

Veja bem, isso ocorre quando o Estado está comprando, porque o dinheiro “não é dele”, é dinheiro do pagador de imposto, portanto, tanto faz se ele comprar e demorar, ser mais caro ou ainda não funcionar.

Na vida privada, como o Milton Friedman já avisou há muitas décadas, “ninguém gasta o dinheiro dos outros com tanto cuidado como gasta o seu próprio. Se quisermos eficiência e eficácia, se quisermos que o conhecimento seja bem usado, isso precisa ser feito por meio da iniciativa privada”.

Dito isso, como moral da história de hoje, só o reforço: ninguém sozinho, nem mesmo a junção dos “nossos” representantes, é mais sábio que o livre mercado, a soma das ações de todos.

E pra resolver os problemas dos malandros bandidos que abusarem do cidadão incauto, o rigor da lei dos homens, sem sursis, habeas corpus e regressão de pena (há uma redução retórica aqui só pra não alongar mais o texto).

PS.: O texto acima foi publicado no Facebook. Como alguém retrucou alguma coisa, fiz a seguinte resposta (que vai aqui como adendo):

1) A ideia acima é mostrar como os respiradores seriam mais baratos e teriam mais no mercado se não tivéssemos regulamentação estatal. Se um particular ou clínicas ou hospitais ou casas de saúde forem comprar, cada uma escolhe o que melhor lhe servir. Esta é a lindeza do livre mercado. De qualquer modo, sem regulamentação, haverá MAIS e MAIS BARATOS (tudo, não só respiradores).

2) Nos EUA, ao contrário do que o povo é levado a crer, há regulamentação pesada. Livre mercado é “sem regulamentação e sem tributação”. A maravilhosa Anvisa de lá se chama Food and Drug Administration (FDA). Lá também, o serralheiro da esquina não pode fazer respiradores quando ver a oportunidade de ganhar um 100 dólares a mais.

3) Quando defendo aqui o livre mercado, não digo que não haverá problemas. O que não haverá é gente atrapalhando e evitando que a solução venha rápido pela ação do mercado. É isso justamente o que o Estado quer evitar para se dizer útil.

4) E por fim, sobre o superfaturamento, sempre que houver mais demanda que oferta os preços sobem. Subindo, mais capitalista malvadão entra no mercado pra ganhar dinheiro. Aumenta então novamente a oferta, assim, equilibrando-se com a demanda, o preço baixa. O livre mercado é sempre um mar revolto buscando o equilíbrio.


Cláudio Toldo é o diretor editorial da Convivivm. Lecionou em duas universidades do Sul de Santa Catarina e tem experiência em diversos meios de comunicação, atuando na área de reportagem em jornalismo impresso, planejamento gráfico e editorial, jornalismo educacional, jornalismo empresarial e assessoria de imprensa, planejamento em comunicação e webjornalismo.

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