“Quem não chora, não mama” – parte 2

Outro dia falei dos empresários da região onde moro (e ocorre em toda parte do mundo), que pedem arrego ao Estado (município, estado e União), ou melhor, pedem arrego para políticos que ocupam espaço no Estado. Seguem o ditado para obter vantagens particulares às custas de toda a sociedade.

Hoje escrevo sobre outro grupo (afinal, se não ensinarmos que virtude é fazer as coisas por conta e não “mendigando ajuda”, todos os grupos de pressão continuarão a agir como pedintes de barriga cheia, como já nos avisava o filósofo Zeca Pagodinho (Na vida, a coisa mais feia… É gente que vive chorando… De barriga cheia).

Pois agora, segundo os fumicultores catarinenses, o ano de 2020 se tornou um pesadelo: eles recebem valor abaixo do custo de produção, o que inviabiliza a rentabilidade e causa prejuízo ao setor; além disso, a estiagem afetou a cadeia produtiva do fumo.

Daí recebo a informação que, “pensando em solucionar a crise que atinge o setor, o deputado estadual Altair Silva propôs uma Audiência Pública com a presença de integrantes da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e fumicultores para tratar sobre o tema”.

“A ideia do parlamentar é discutir o atual cenário para encontrar soluções para melhorar o setor fumageiro catarinense, ‘a ideia surgiu após um grupo de fumicultores entrar em contato com a nossa equipe’”, disse o comunicado do gabinete do deputado.

Como vocês podem ver, a fórmula é a mesma: 1) meu grupo está passando por problema; 2) procuro um político em busca de votos futuros; 3) ele arruma uma ajuda via Estado a custa de toda a sociedade; 4) o político se saí bem, meu grupo se sai bem, quem não tinha nada a ver com o pato, engole o pato.

Vejam, pouco importa o tamanho do rombo ou do benefício ou ainda dos beneficiários. O que reporto aqui é todos pagando por escolhas de poucos.

Vou ser repetitivo também com a citação de hoje. Frédéric Bastiat, em a Lei, no longínquo ano de 1849, já dizia: “Todos querem viver às custas do Estado e se esquecem que o Estado vive às custas de todos”. Porque será que nossa Educação não nos ensina a sermos autônomos e responsáveis pelo que nos ocorre? Porque tem que ensinar o cidadão, à menor intempérie, buscar a ajuda do Estado?

Por fim, na moral da história, vou novamente de Bastiat: “A questão da espoliação legal deve ser esvaziada de qualquer maneira. Para tanto só vejo três soluções: 1) Poucos espoliarão muitos (o que ocorre hoje); 2) Todos espoliarão todos; 3) Ninguém espoliará ninguém”. O que vocês acham mais ético?

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