Kuehnelt-Leddihn e as raízes do anticapitalismo

Por Cláudio Toldo

Livros de Erik von Kuehnelt-Leddihn

Erik von Kuehnelt-Leddihn, um conservador austríaco, católico e pró livre mercado bastante influente no século XX, mas quase exclusivamente na Europa ocidental e nos Estados Unidos, escreveu em The Freeman (novembro de 1972, pp. 657–65) sobre as raízes do anticapitalismo e culpou, sem cerimônia, e no estrito dever de enxergar a realidade, a nobreza agrária, a elite intelectual de classe média e católicos que acreditavam na aura imoral da usura pela origem deste pensamento. No âmbito dos sentimentos, a inveja é a culpada.

Vamos aos argumentos desde nobre austríaco que falava oito línguas, lia 16, e era tido como de um conhecimento enciclopédico.  

Já em 1972 destacava que “capitalismo” era palavrão e nem “livre iniciativa (ou mercado)” soava melhor. 

Ele viu na Rússia no início da década de 1930 os capitalistas retratados como monstros Frankenstein, com rostos verde-amarelados, dentes de crocodilo, vestidos com ternos e adornados com cartolas. Achou um absurdo e se perguntou qual a razão para este ódio generalizado.

Para ele, como para qualquer um que enxergue a realidade e não sua própria histeria, é incompreensível retratar o capitalismo como algo ruim, visto as entregas de melhoria na qualidade de vida, de ascensão na vida de pessoas simples, da derrocada de pessoas ricas, numa gangorra que só não é maior porque o Estado ajuda a manter as coisas como elas estão, artificialmente.

Mas ele pensou: “Existem razões históricas, psicológicas e morais para este estado de coisas?” Sua reflexão e constatação é de que a própria nobreza conservadora agrária contribuiu muito para o preconceito contra o capitalismo. 

“Os líderes do pensamento e da ação conservadora, na maioria das vezes, vinham da nobreza que acreditava em uma ordem patriarcal agrária. Eles pensavam que os trabalhadores deviam ser tratados pelos fabricantes como os nobres tratavam seus empregados agrícolas e empregados domésticos, proporcionando-lhes total segurança para a velhice, cuidado em caso de doença e assim por diante. Eles também não gostavam dos novos líderes empresariais que emergiam da classe média: o grande burguês era seu competidor social, o banqueiro seu credor desagradável, não seu amigo. As grandes cidades, com suas chaminés fumegantes, eram vistas como calamidades e destruidoras da boa e velha vida” (tradução minha).

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Percebeu ainda uma origem cristã anticapitalista, porque os socialistas da época já haviam conseguido atribuir uma aura imoral à usura, e que a tecnologia, que de certa forma acabava com o romantismo agrário obsoleto, tirava a dignidade do trabalho.

Pesquisou Kuehnelt-Leddihn que a menor resistência vinha da Itália, por haver ali uma tradição de nobreza urbana e de patrícios que, mesmo antes da Reforma Protestante, se dedicavam ao comércio e à manufatura.

“O capitalismo, de fato, é de origem norte-italiana. Foi um franciscano, o frei Luigi di Pacioli, quem inventou a contabilidade dobrada de ativo e passivo (double-entry bookkeeping). O calvinismo deu um novo ímpeto ao capitalismo, mas não o inventou”. 

O conde Marzotto, conta Kuehnelt-Leddihn, com seu império de negócios altamente diversificado de fábricas têxteis, fábricas de papel, cadeias de hotéis e pesca, é um exemplo do capitalismo nascendo na Itália.

Há tempos querem fazer com que você pense que a verdadeira animosidade contra a livre iniciativa (livre mercado) se originou nos trabalhadores. Mas isto não é verdade. Kuehnelt-Leddihn constatou em sua pesquisa que no início do século XIX a classe trabalhadora era miseravelmente paga por duas razões: 1) a receita da manufatura era bastante limitada (a verdadeira produção em massa veio depois); e 2) a parte maior dos lucros foi reinvestida, mantendo os primeiros fabricantes em uma vida modesta também. 

Vendo que os fabricantes não levavam uma vida de esplendor (como os grandes latifundiários), os trabalhadores à princípio viram sua vida e a dos patrões sem uma surpreendente diferença. Esta política ascética do capitalismo europeu inicial ainda tornou possível a ascensão fenomenal dos padrões da classe trabalhadora.

Quem não gostou desde o começo foram os socialista intelectuais de classe média.

Diz Kuehnelt-Leddihn: “Como se pode imaginar, a ira artificialmente criada então se voltou primeiro contra o fabricante que, afinal, nada mais é do que uma espécie de intermediário entre o trabalhador e o público. Ele capacita o trabalhador a transformar seu trabalho em bens. Nesse processo, ele incorre em várias despesas com ferramentais e marketing. Ele espera lucrar com essas transações para fazer com que seus esforços valham a pena. Sua responsabilidade para com a empresa é muito maior do que a de muitos trabalhadores. Não é à toa que o interesse, antes centrado nos acidentes nas fábricas, esteja se deslocando cada vez mais para as doenças dos gerentes. O empresário sacrifica não apenas seus “nervos”, mas também sua paz de espírito. Se ele falhar, ele não falhará sozinho; o pão de dezenas, de centenas, de milhares de famílias está em jogo”.

Os socialistas, pelo que se percebe nas entrelinhas, mas não escrito taxativamente por Kuehnelt-Leddihn, perceberam rapidamente que a relação “deveria” azedar entre patrão e trabalhador por uma questão simples de confirmar o que acreditavam: o patrão é o Frankenstein e o trabalhador é o mocinho.

A melhor forma de se perturbar esta relação é gerar demandas que um dos lados não poderia bancar, como salários maiores em tempos deste capitalismo primeiro. Se atendidas as demandas, eliminar-se-iam os lucros que tornavam o negócio interessante e a mercadoria viável. Para obter o que queriam, os socialistas formavam trabalhadores politicamente organizados e pressionavam governos, que os acudiam com políticas inflacionárias, e promoviam greves, que acabavam cancelando a produção por um determinado período e significando perdas econômicas gerais. A incapacidade de vender devido a salários e preços excessivos ou a greves prolongadas levava então às primeiras crises do capitalismo. E aqui, obviamente, artificiais, por não se deixarem livres as iniciativas.

Um parêntese aqui meu. Não é engraçado como o modus operandi da esquerda continua sendo o mesmo. Criar atritos entre as partes, sejam elas políticos do mesmo governo, grupos de qualquer ordem, etc? É ainda o “dividir para conquistar”. Todos precisamos estar atentos a esta forma de agir para ter consciência do que ocorre à nossa volta. “Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá (Mateus 12:25)”.

Mesmo ainda em 1972, quando a URSS ainda parecia ser uma grande potência, Kuehnelt-Leddihn lembrava que “a introdução do socialismo na Rússia efetuou imediatamente um tremendo declínio da classe média, da classe trabalhadora e dos camponeses – padrões de vida que, em comparação com os níveis de 1916, melhoraram em raros casos”. E… “grandes setores ainda estão em pior situação do que antes da Revolução. Uma minoria microscópica, no entanto, vive muito bem”. Esta minoria microscópica seria, comparando com personagens de “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, como aqueles porcos no poder que deliberaram que “uns porcos são melhores que outros porcos”.

“Qualquer indústria nascente precisa começar em um nível ascético, espartano. Isso é verdade em qualquer economia”, aponta. As economias livres deram passos tão enormes, mostrou Kuehnelt-Leddihn, que o fosso entre a Rússia e o Ocidente era em 1972, maior do que em 1916.

Infelizmente para a população brasileira, que pouco sabe e aprende sobre economia doméstica, que dirá de economia de mercado, macroeconomia ou qualquer outra coisa que lide com dinheiro, e que nem sabe quem é ou ouviu falar de Erik von Kuehnelt-Leddihn, que a livre iniciativa (livre empresa ou livre mercado) é simplesmente mais produtiva do que o capitalismo de estado, que é o que amarra a economia no Brasil e que nem Paulo Guedes consegue destravar por conta dos políticos da nobreza agrária, dos políticos da elite intelectual de classe média, dos políticos de qualquer religião que acreditam na aura imoral da usura, dos políticos socialistas e meia-bomba da social democracia.

Voltando ao texto de Kuehnelt-Leddihn, ele pergunta “de onde vem a onda de ódio dirigida contra a livre empresa?” E responde: “Intelectuais insatisfeitos que projetam utopias e nobres decadentes não respondem inteiramente ao fenômeno… Os ataques à livre iniciativa são lançados com a ajuda de teorias e de sentimentos, às vezes trabalhando de mãos dadas. Frequentemente, esses ataques são feitos indiretamente, por exemplo, criticando a tecnologia”. Vejam que, lá em 1972, já se falava em campanha anti-poluição para se frear o capitalismo. Ele ainda aponta algo que poderia ser visto hoje como zombeteiro: “Este problema específico [da poluição] é menos agudo no mundo socialista apenas porque é menos industrializado; no entanto, é divertido ver a esquerda abraçando todos os sonhos ociosos do antigo romantismo agrário conservador”. Além disso, saberia ele hoje, caso vivesse para ver, que a maior poluidora do mundo é uma nação socialista. Então, o socialismo de Estado industrial é pior poluidor que o capitalismo de Estado industrial.

Nas raízes do discurso anticapitalista estão os seguintes elementos, segundo Kuehnelt-Leddihn (o que está em itálico é tradução do inglês):

1) A acusação de que os ciclos econômicos são consequência da liberdade e não da intervenção política, embora haja provas em contrário.

2) O ataque contra as formas de produção moderna que consomem o homem, matam a alma e escravizam. Nesse domínio, entretanto, o principal culpado é a máquina, e não o fator humano. A tecnologia em si é estritamente disciplinadora. Nesse aspecto, o socialismo ou o comunismo não trariam o menor alívio. Pelo contrário! Nos países socialistas não existem sindicatos trabalhistas genuínos. O que há são meios ilimitados do estado totalitário de coagir, regulamentar e controlar. Devemos ter em mente que o mundo livre também possui um mercado de trabalho competitivo. O homem pode escolher o local e as condições de seu trabalho.

3) A crítica do “capitalismo monopolista”, compartilhada de forma mais branda pela escola “Neo-Liberal”, se opõe a todas as formas de grandeza. Ainda assim, no mundo livre, descobrimos que a maioria dos países têm legislação contra monopólios a fim de manter a concorrência viva para dar ao consumidor uma escolha real. Qualquer crítica aos monopólios por um socialista é hipócrita, porque socialismo significa monopólio total, sendo o Estado o único empresário.

A mentalidade anticapitalista tem raízes mais profundas se for considerar o problema teológico da rebelião do homem contra o pecado original, que o obrigou a trabalhar para viver. Trabalho então é maldição! Mas, informa Kuehnelt-Leddihn, que na mesma situação estão sujeitos trabalhador e patrão. Ou patrão não trabalha? Mas para pôr a culpa em alguém por trabalhar e não ficar mal com Deus, melhor achar outro bode expiatório e culpar o “sistema” e claro, o capitalista.

Daí surge a inveja: “Isso nos dá uma dica quanto à natureza do anticapitalismo que cada vez mais vem à tona desde a Revolução Francesa e o declínio do Cristianismo: a inveja. Desde 1789, o segredo do sucesso político tem sido a mobilização das maiorias contra as minorias impopulares dotadas de certos ‘privilégios’ – especialmente privilégios financeiros. Assim, no século XIX, o ‘capitalista’ parecia ser o homem que gozava de uma riqueza considerável, embora aparentemente ‘não trabalhasse’ e obtivesse uma vasta renda do trabalho dos trabalhadores ‘que têm que trabalhar como escravos para ele’”. 

Não é natural que alguém que compre máquinas, que compre matérias-primas, que pague pela mão-de-obra, pelo marketing e que corra os riscos de venda, de entrega, de estoque e de outros processos receba lucros também? A livre iniciativa é igual a jogar na loteria, mas com risco controlável: há expectativa de lucro, mas pode-se não ganhar nada.

“O risco caracteriza toda a existência humana: fazer um esforço sem prever exatamente o seu sucesso. Assim, um escritor que começa um romance ou um pintor que coloca as primeiras linhas em sua tela não tem certeza se pode transformar sua visão em realidade. Ele pode falhar. Frequentemente ele o faz. O fazendeiro com sua colheita está no mesmo barco. Mas o trabalhador típico que entra na fábrica pode ter certeza de que receberá no fim da semana”.

Considerando que a desigualdade excessiva amplia o ressentimento, e, por conta disso, a inveja, há que se fazer justiça com os números. Primeiro, que a desigualdade é mais visível em países pobres que em países ricos. Então, não seria o caso de, por ser capitalista, haver mais desigualdade. Segundo, que nos países socialistas, a igualdade está na pobreza. E terceiro, que a noção de lucros dos capitalistas está majorada e fora da realidade.

Aqui merece até a referência a um youtuber comunista que fala sobre Marx e estuda e explica o Das Capital no seu canal. Ele trabalha no Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), e, numa das explicações sobre lucros das empresas, mostrou balanços mensais de multinacionais de produtos de luxo em comparação com outras multinacionais de produtos mais populares. Os lucros líquidos giravam em torno de 18%.

Mas, voltando ao que Kuehnelt-Leddihn escreveu sobre lucros das empresas, ele trouxe uma curiosidade jornalística. “As 13 maiores empresas italianas redigiram em 1965 um anúncio de página inteira para publicar nos principais jornais da Península”. Era um balanço dos últimos 10 anos, onde mostrava dividendos dos acionistas, salários e ordenados de todos, inclusive trabalhadores, contribuições à seguridade social e aposentadorias, a relação entre os dividendos e o custo da mão-de-obra, o número estimado de acionistas (que envolvia pessoas de várias profissões e era de mais de meio milhão – o dobro do número de funcionários). “Curiosamente e significativamente, dois dos jornais se recusaram a veicular o anúncio pago: um era o Comunista Unita, o outro o Papal Osservatore Romano, cuja desculpa foi que o jornal era da Cidade do Vaticano”.

Igualdade pela inveja

Kuehnelt-Leddihn traz conclusões realistas a respeito do homem e obviamente irritou os socialistas e comunistas da época. Por isso, provavelmente, poucos no Brasil conhecem o pensador austríaco que foi um profundo inimigo de todas as formas de totalitarismo. Na época de lançamento de The Freeman, o Brasil, governado pelo Regime Militar, já tinha os comunistas controlando o ensino nas universidades e a cultura via redes de TV e artistas da música popular.

Parte da irritação, com certeza, vem da pecha de invejosos que retrata claramente os anticapitalistas no fim deste capítulo.

“Para o defensor da igualdade, o fato de certos indivíduos viverem muito melhor do que outros parece ‘insuportável’… Parece inútil demonstrar que uma redistribuição da riqueza  e uma política tributária exclusiva contra os ricos é autodestrutiva para a economia de um país… Salientar que o gasto de pessoas ricas é bom para a nação como um todo pode causar a reação instantânea de que ‘ninguém deveria ter tanto dinheiro’. Ainda, pessoas que ganham grandes somas geralmente correm riscos extraordinários ou estão realizando serviços extraordinários. Alguns deles são inventores. Suponhamos que alguém invente uma droga eficaz contra o câncer e, com isso, ganhe cem milhões de dólares. Certamente, aqueles que sofrem de câncer não invejariam sua riqueza. A menos que ele enterre essa quantia em seu jardim, ele ajudará emprestando a outras pessoas (por meio de bancos, por exemplo) e comprando generosamente de outras pessoas. A única razão para objetar à sua riqueza seria pura inveja”.

Aos católicos, informou o que pensava um dos arquitetos da Encíclica Quadragesimo Anno, o padre Oswald von Nell-Breuning, que como ele, não era conhecido por ter inclinações conservadoras. O padre, um dos poucos sociólogos cristãos de destaque na Europa, naquele ano de 1972, no Zur Debatte, em Munique, tomou uma posição firme contra os mitos dos efeitos benéficos da redistribuição da riqueza. “Ele enfatizou que o Papa Pio XI estava totalmente ciente desse fato incontestável, mas que, entretanto, esse conhecimento foi quase perdido e que, portanto, as ideias demagógicas invadiram amplamente o pensamento sociológico e econômico católico. Especialmente no domínio dos problemas econômicos do ‘Terceiro Mundo’, sugeriu o erudito jesuíta, o clamor por ‘justiça distributiva’ causou muitos danos”.

Assim como hoje levantam-se hordas de pessoas contra quem defende um capitalismo de livre iniciativa, na época de The Freemana era moda também, e pelos mesmos “motivos morais”. Quem o faz é denunciado como egoísta e materialista.

Diz Kuehnelt-Leddihn: “Claro, a vida na terra é um vale de lágrimas e nenhum sistema, político, social ou econômico pode reivindicar a perfeição… A insistência cristã na liberdade deriva do conceito cristão de que o homem deve ser livre para agir moralmente. Uma pessoa adormecida, acorrentada e espancada, uma pessoa drogada não pode ser pecadora nem virtuosa. No entanto, o mundo livre, sinônimo de mundo da livre iniciativa (livre empresa ou livre mercado), por si só fornece um clima, um modo de vida compatível com a dignidade de homem que toma decisões livres, desfruta de privilégios, assume responsabilidades e desenvolve seus talentos como achar melhor. Ele é realmente o administrador de sua família. Ele pode comprar, vender, economizar, investir, jogar, planejar o futuro, construir, reduzir, adquirir capital, fazer doações, assumir riscos. Em outras palavras, ele pode ser o senhor de seu destino econômico e agir como um homem em vez de uma ovelha em um rebanho sob o comando de um pastor e seus cães. Sem dúvida, a livre iniciativa é um sistema severo; exige homens de verdade. Mas o socialismo, que atrai pessoas invejosas que desejam segurança e temem decidir por si mesmas, prejudica a dignidade humana e esmaga completamente o homem”.

Os admiradores de Kuehnelt-Leddihn costumam elogiar seu conhecimento enciclopédico, mas ele era sim um verdadeiro sábio. 


Cláudio Toldo é diretor da Editora Awning. Lecionou em duas universidades do Sul de Santa Catarina e tem experiência em diversos meios de comunicação, atuando na área de reportagem em jornalismo impresso, planejamento gráfico e editorial, jornalismo educacional, jornalismo empresarial e assessoria de imprensa, planejamento em comunicação e webjornalismo.

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