Nada como um dia após o outro ou… dobrando a aposta

Caríssimos e baratíssimos,

Vocês viram o Jornal Nacional da noite deste Sete de Setembro? Ele correspondia ao que vocês viram nas ruas, nas manifestações dos dois espectros políticos conflagrados? Vou responder pelas duas possibilidades possíveis: sim, caso você se identifique com a esquerda; e não, caso você ainda tenha a capacidade de observar a realidade.

Desta percepção, no entanto, o que gostaria que você leitor notasse é que pouca coisa vai mudar se o caldo não entornar de vez com ações e não apenas com bravatas. E é com bravatas que estão os dois lados dobrando a aposta. No dia após de tudo, dentro das quatro linhas da Constituição, nada de novo deve ocorrer senão as mesmas narrativas sendo lançadas nas mídias golpistas ou nas mídias democráticas (aqui, vejam só, dependendo do lado, cabem os estereótipos; escolha o seu).

Você, meu caro e barato, acha que os políticos de Brasília e alhures e os parasitas e os mamadores do poder público vão acreditar em qual narrativa? A de que Bolsonaro é um golpista e ofendeu novamente o STF, ou vai acreditar no que o povo nas ruas quis dizer de fato? Afinal, este, bem ao contrário do que a imprensa mainstream pensa, sabe muito bem o jogo político que se desenvolve no país; e já tomou um lado. Mas respondo a primeira pergunta deste parágrafo para não lhe dar trabalho: eles vão acreditar na Globo, porque é o que querem acreditar. Preferem fingir não enxergar que a população está cheia desta gente que só pensa em si e nos seus partidos para se manter no poder e, ainda mais, mamar o que não parece estar exaurido.

A internet, se por um lado permite que imbecis se imbecilizem facilmente, também permite que a maioria da população — normal, mediana, ordinary people, no jeito norte-americano de dizer — consiga ter mais fontes de informação e defina melhor — pela quantidade de fatos e opiniões tanto boas quanto ruins — a realidade — e as causas e consequências da próxima realidade.

Causas e consequências medidas, noves fora, a população já demonstrou que prefere um golpe militar (e aqui não vai desejo nenhum, só constatação) a uma “volta do PT”, ou uma terceira via que quer o poder por vaidade e dinheiro. Isto já está claro no pensamento popular há meses! Mas o grupo formado por esquerda, mídia tradicional, progressistas das bigtechs, políticos profissionais, funcionalismo público de alto salário (incluindo aí pelo menos metade do Judiciário) não querem entregar o poder ou perder parte das benesses que desfrutam.

Então o impasse está formado e, creia leitor, há poucas saídas possíveis sem a guerra declarada. Temos duas saídas da crise a curto e médio prazos. A mais curta depende dos políticos do Senado, que podem agir rapidamente para controlar o barril de pólvora que está se tornando o Brasil: eles podem votar o impeachment de Alexandre de Morais e acalmar o povo e a turma do Bolsonaro. A médio prazo, os deputados federais e os senadores podem fazer o voto auditável ser obrigatório nas eleições de 2022, e aí acalma os ânimos, e o presidente será reeleito para um segundo mandato.

Esta é a saída institucional possível. Mas o leitor pode perguntar: e se Bolsonaro desistisse desta briga? Caríssimo e baratíssimo leitor, o povo não vai aceitar isto. Pra quem acompanha sem paixão esta briga, já está claro, repito, há meses, que o povo — e quando digo povo é muito mais que os 25% que a jornalista Amanda Klein atribuiu aos que foram às ruas no Sete de Setembro — já escolheu lado. Porque você acha que a dita extrema-imprensa está tanto batendo na ideia de que é a bolha bolsonarista quem está causando estresse ao sistema politico-econômico-social-sanitário brasileiro? É justamente pra fingir uma normalidade e maioria do grupo que estava anteriormente no poder (esquerda raiz), somado com a chamada direita-limpinha (PSDB, PSD e tantos outro), que de direita não têm nada e de limpinha muito menos. Neste grupo ainda está o Centrão, que pende pro lado de quem paga mais. A possibilidade disso não acontecer é estes fisiologistas, vendo que o povo vai lhe negar votos no futuro, preferir ficar do lado de quem tem votos, ou seja Bolsonaro. O presidente, com a caneta na mão, poderia até pagar na moeda corrente do Congresso, mas se não fez isto antes, quando não sabia que tinha tanta gente na rua do seu lado, não será agora que irá fazê-lo.

Portanto, se o Centrão, aquele bando de políticos mercenários, não pender para o lado de Bolsonaro em bloco e de vez, o acirramento político é iminente e vamos para mais um momento de exceção.


Cláudio Toldo

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