Sobre a conspiração comunista no mundo… que não existe!

Caríssimos e baratíssimos,

O camarada que não acredita numa ação coordenada de estratégias comunistas no mundo sempre usa do jargão de “teoria da conspiração” para acabar com a discussão sobre o “domínio do mundo” pelos comunistas.

Mas vamos ao ponto: se nos livros dos “cabeças” do movimento estão lá as estratégias, métodos e táticas, basta que os que leem tal conteúdo as entendam e as pratiquem para haver um movimento coordenado, mesmo que sem intenção; assim como não precisa haver intenção pensada para músculos agirem de forma certa no movimento corporal; assim como em livros didáticos de qualquer função profissional: uma vez entendido como se deve agir, age-se.

Então, para o leitor entender, se há uma diretriz de ação em Marx, Trotski, Lênin, Rosa Luxemburgo, Gramsci, Lukács, Adorno, Marcuse e tantos outros, todos que as entendem e pensam igualmente agirão de acordo. Mesmo que não tenham um comparsa lá do outro lado da rua ou do planeta, há uma coordenação intelectual. Os partidos comunistas (com qualquer nomenclatura), no mundo todo, agem em uníssono e com os mesmos métodos.

Portanto, quando se fala em marxismo cultural ou outra nomenclatura está-se falando nisso, sobre este estado de coisas já sabidas, lidas e entendidas. Qualquer um que queira dizer que isto é coisa de conspiracionistas ou chapéu de alumínio está na verdade: 1) tentando esconder uma intenção; 2) não leu nenhum dos envolvidos e ignora o assunto, falando apenas por ouvir dizer dos amigos (isto é o mais comum); 3) leu e não entendeu, pois é burro; ou 4) é ingênuo.

Se esta ideia comunista encontra hoje maioria no campo civil ou se ainda tem força pra produzir massas de pessoas lutando nas ruas, é outra coisa. Acredito que não aja neste momento tal perspectiva. Mas que esta ideia tem hoje nas mãos a elite politica mundial, não há dúvida!! A elite política, entrincheirada nos partidos, quer manter o controle e para isso precisa dos métodos que deram certo no passado, e um dos que mais deu certo é o de se fingir de morto.

Out Of The Night

Um exemplo disso está em Out Of The Night, livro de Richard Julius Hermann Krebs, sob o pseudônimo de Jan Valtin, que conta os bastidores do movimento da Internacional Comunista (Komintern) no fim da década de 1910 e nas seguintes até 1940. Ali, ele descreve:

Ernst Wollweber providenciou minha alimentação e hospedagem, enquanto aguardava minha próxima missão, e me apresentou ao homem que era responsável pelo arquivo do Partido nos porões da Karl Liebknecht House. Por mais de uma semana tive o comando da sede do Partido. Li muito para acompanhar os desenvolvimentos, conversei com muitos membros da equipe da Karl Liebknecht House e estudei os relatórios oficiais do Partido dos últimos dois anos. Assim, encontrei minha orientação na máquina comunista mais colossal até então construída fora das fronteiras soviéticas — uma máquina que serviu nos anos posteriores como modelo para os partidos comunistas em todos os outros países.

E sobre os partidos e a penetração deles nos meios de comunicação por jornais, Jan Valtin descreve mais isto:

O Partido Comunista da Alemanha tinha na época um quarto de milhão de membros. Publicou vinte e sete jornais diários, com uma circulação total de cerca de cinco milhões. Uma dúzia de publicações semanais e mensais e centenas de jornais de fábrica aumentaram a imprensa regular do Partido. Quase quatro mil células comunistas funcionaram na Alemanha, com mais de seiscentas delas apenas na cidade de Berlim. Em torno do Partido, havia um cinturão de 87 organizações auxiliares que recebiam ordens de Moscou por meio da Karl Liebknecht House.

E sobre os métodos de se fazer de “morto”, de dizer que não existe, de mentir sobre intenções, ali em Out Of The Night também está o modus operandi empregado até hoje de dizer que é “conspiração”, que ninguém quer forçar o comunismo ou socialismo ou progressismo, mesmo o Twitter e outras redes sociais estando cheias de gente com perfil verificado e com bandeirinhas comunistas ou da Internacional Socialista ou etc. e repetindo coisas que se diziam nas décadas de 1910, 20 e 30, por exemplo. Vejam nesta lembrança do espião comunista arrependido como era a dissimulação:

Trabalhando silenciosa e eficientemente nas sombras do pesado edifício comunista, estava a rede subterrânea da GPU do Partido Alemão. Suas divisões incluíam o “S-Apparat” para espionagem, o “M-Apparat” para a penetração comunista no exército e na marinha, o “P-Apparat” para desintegração do moral policial, o “BB-Apparat” para espionagem industrial a favor da União Soviética, os Parteischutzgruppen — os guarda-costas armados dos líderes do Partido, o “N-Apparat” para passaportes, censura do Partido, serviço de correio e comunicações e os vários aparatos Zersetzungs para trabalho de contraespionagem e desintegração no Partido Social-Democrata [na época, os comunistas brigavam mais com os sociais-democratas porque eles eram “muito limpinhos” nos métodos de avanço da revolução], no Centro Católico, nos Monarquistas e entre as formações militares do movimento de Hitler. Todos os departamentos do Partido e todas as organizações auxiliares eram dirigidos por um emissário especial de Moscou, investido de extraordinários poderes ditatoriais.

E, por fim, na estratégia de se dividir tarefas e de um não saber o que o outro fazia:

A palavra expressiva “agente” nunca é usada nos círculos do Komintern; o título oficial dos comissários estrangeiros do Kremlin é o estranho “Instrutor Político Internacional”. Cada um desses agentes internacionais era um especialista em uma determinada área. Havia especialistas em técnica de propaganda, em estratégia de greve, em organização industrial, especialistas femininos, especialistas em espionagem, especialistas em publicidade, especialistas do Exército Vermelho, gerentes de negócios, especialistas em polícia e especialistas para cada uma das indústrias básicas — aço, transporte, ferrovias, mineração, têxteis, serviços públicos, agricultura e indústria química — e contadores especializados enviados para resolver problemas financeiros. Raramente eram conhecidos por seus nomes verdadeiros. Quase nunca moravam em hotéis. Eles tinham escritórios secretos e aposentos secretos, geralmente nas casas de membros de confiança do Partido. Todos esses instrutores estavam bem vestidos e bem pagos, e raramente algum deles aparecia em uma reunião sem a escolta protetora de um mensageiro pessoal ou de uma garota de olhos atentos que servia como secretária e amante. Foi esse esquivo corpo de agentes do Komintern que formou a verdadeira liderança do Partido Comunista.

Moral da história:

Caríssimo e baratíssimo leitor, concluindo e repetindo, se você ouvir alguém te chamar de conspiracionista, de chapéu de alumínio, etc., saiba que você está lidando com alguém: 1) tentando esconder uma intenção; ou 2) que não leu nenhum dos autores de esquerda e ignora o assunto, mas se acha competente para falar sobre o tema porque ouviu dos amigos; ou 3) que é burro porque leu e não entendeu nada e ainda distorceu as coisas conforme sua burrice; ou ainda 4) ingênuo.

Não tem outra explicação.


Cláudio Toldo hoje é o diretor da Editora Awning. Lecionou em duas universidades do Sul de Santa Catarina e tem experiência em diversos meios de comunicação, atuando na área de reportagem em jornalismo impresso, planejamento gráfico e editorial, jornalismo educacional, jornalismo empresarial, assessoria de imprensa, planejamento em comunicação e webjornalismo.

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